segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Eau de Dalí, Salvador Dalí


Eau de Dalí é uma versão mais leve e confortável de seu predecessor, Dalí Parfum. Os dois primeiros (EDT e EDP) eram bombas de especiarias, de resinas, de madeiras, de flores brancas e amarelas, de raízes e notas verdes, de notas terrosas e incensadas. Tudo over, tudo too much, exagerado, oitentista até não poder mais.

Os aldeídos das versões anteriores foram mantidos aqui, enquanto as demais notas foram reduzidas a doses homeopáticas. É como se o Dalí Parfum tivesse duas gotinhas diluídas em uma nova fragrância, mais leve, aerada e transparente. Você sente todo aquele resplendor ao fundo, mas ele não sobressai o atalcado e assabonetado que esse perfume aqui é.

Esse cheiro atalcadinho, inclusive, não é nenhuma novidade. Tem cara de algum talquinho ou sabonete que eu já senti antes, e acredito que todo mundo já sentiu em algum momento, com ares de leveza e delicadeza, somados a essa vibe antiguinha.

Um aroma adocicado aparece rapidinho no meio das várias notas de saída, some, aparece novamente, tudo discreto. Os acordes são redondinhos e bem "costurados" um no outro. Quando vão se assentando, é possível perceber uma rosa antiga e misteriosa, dessas que passou a vida toda dentro de casa, surgir.

Há um quê de inocência nele, mas não se engane, ainda é um perfume forte e nada leve para o verão. A pirâmide omite muita coisa, claro. Basta sentir seu progenitor para entender toda a complexidade por trás dele.

Notas
Saída: abacaxi, folhas verdes, pêssego, toranja, bergamota e limão verdadeiro ou siciliano.
Coração: íris, jasmim, ylang ylang, lírio-do-vale e rosa.
Base: sândalo, âmbar, baunilha, cedro e ameixeira.

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