terça-feira, 4 de outubro de 2016

Laguna, Salvador Dalí


É um perfume esquisito, mas intencionalmente esquisito. Se eu tivesse que definir em uma palavra, diria que sua principal característica é a dualidade: frio, obscuro, intenso e leve de uma só vez. Possui várias facetas, tantas notas que fica impossível definir como predominantemente cítrico, doce ou qualquer outra coisa, e se comporta bem diferente nas pessoas. 

Acredito que seja uma obra olfativa surreal, tal qual as pinturas de Dalí, feita tanto pra incomodar quanto impressionar, ora uma coisa, ora outra. Feio e bonito ao mesmo tempo. Gosto dele, mas, infelizmente, ele não gosta de mim, em outras pessoas é agradável. Tanto o frasco quanto o conceito da fragrância, feita em 1991, foram inspirados na obra Aparição da Face de Afrodite de Cnide em uma Paisagem, que retrata a face da deusa grega em uma reinterpretação de seu local de nascimento: o mar.


E Laguna é um mergulho refrescante no mar. Você sente o sal trazido pela maresia e presente na areia, bastante sal já na abertura. A água é gelada e é possível sentir o cítrico e o doce de frutas tropicais que emolduram a praia. O abacaxi é muito ácido, o coco não é a fruta em si, mas seu leite. O aspecto leitoso é fresco e cítrico, levemente adoçado e temperado. O resultado é uma experiência agridoce fresca e complexa. 

O frasco, se não for o meu preferido, definitivamente está entre os primeiros da lista. Vale a pena conhecer, especialmente pelo preço amigável.

Notas
Saída: limão verdadeiro marroquino, abacaxi, ameixa, folhas de gálbano, tangerina, pêssego, toranja e framboesa.
Coração: íris italiana, jasmim, rosa egípcia, lírio-do-vale e pau-brasil.
Base: fava tonka, âmbar, patchouli, coco, almíscar, baunilha, cedro e sândalo de madagascar.

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