Em 2011 a casa Guerlain lançou mais um flanker do tradicional Shalimar, dessa vez buscando atualizar o clássico chipre para um público mais jovem, adicionando notas doces de caramelo e reduzindo a dramaticidade do tom datado de seu ancestral.
Devo confessar que não gostei muito nos primeiros momentos. O cheiro de cera de batom, desses mais antigos, é bem forte. Cera de batom quase derretendo, alguma outra nota colada na íris é responsável por esse aspecto. Depois evolui pra algo mais doce. Evolução bem feita, nada monótona.
Inicialmente achei estranho, mas continuei usando. Sabe aquele estranhamento que a gente se interessa? Não sabe se gosta ou não. Mas a vontade de usar falou mais alto.
Depois da cera de batom antigo, vem a fase "L de Lolita". Juro que eu sinto o L perdido em algum lugar do perfume, e eu sinto com força. Provavelmente é a laranja + caramelo + baunilha com fundo talcadinho que os Lolitas têm. Foi aí que eu me apaixonei de verdade, um doce delicado, polvoroso, mas marcante.
Gruda na pele, no osso, na alma. Falo isso tendo uma pele que raramente deixa um perfume nela por mais de cinco horas, e ele exala bem. Mesmo assim, não é incômodo. Exala, mas não é chamativo, é mais acolhedor. Persiste rente à pele até durante o banho.
É um bicho exótico, maravilhoso, cheio de classe e pai de vários órfãos porque a Guerlain não tem amor no coração.
Notas
Saída: bergamota, laranja e notas verdes.
Coração: vetiver, íris, jasmim, patchouli e rosa.
Base: almíscar, fava tonka, baunilha e caramelo.
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