segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Bohea Bohème, Mona di Orio


Acho os frascos dessa casa de nicho um luxo só. A marca foi criada em 2004 na Holanda pela própria Mona di Orio, apostando na expertise que a perfumista adquiriu ao longo de anos, estudando e trabalhando com perfumaria de nicho e utilizando ingredientes naturais. Em 2011 Mona faleceu repentinamente, deixando a companhia nas mãos de seu sócio, o designer Jeroen Oude Sogtoen.

A saída de Bohea é bem estranha. Lembra o My Heroine. Primeiro vem bastante fumaça, não aquela fumaça doce de incenso que normalmente se usa na perfumaria, mas fumaça de lascas de madeira e folhas queimando, com toques oleosos e couro incensado. Senti uma pegada meio industrial no meio.

Cardamomo traz um toque especiariado com certo amargor. Após dez minutos, a fumaça reduz a intensidade e eu consigo entender melhor o que está acontecendo. Temos folhas verdes de chá com incenso. E tabaco, eu finalmente consegui detectar a nota que dá o tom da fragrância: tabaco com fumaça. Mais alguns minutos e temos resinas que escorrem pelo tronco de uma árvore, complementando a sensação de floresta, trazendo um suave adocicado, desses naturais, sabe?


Um perfume meio natureba, bem específico. De gente que gosta de andar com os pés descalços na terra, caminhar por uma trilha depois da chuva, tocando os troncos das árvores lotados de líquen e sentindo a madeira molhada. Que gosta do aroma de ervas sendo queimadas.

Achei muito interessante, gostei da vibe, mas não usaria. Não combina comigo, não é o que eu quero passar como identidade olfativa. Entretanto, vejo vários ingredientes nele que ficariam ótimos adaptados em outro contexto.

Notas
bergamota, cardamomo, íris da toscana, camomila, bálsamo de abeto, buxo, gerânio, chá preto, junípero, fumaça, carvalho, sândalo, cera de abelha, folha de louro, benjoin, absoluto de baunilha e brotos de álamo.

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