sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Womanity, Thierry Mugler


Morria de medo de provar um dos perfumes mais polêmicos, ame-ou-odeie e complicados da perfumaria, mas cá estou eu, para falar da boa surpresa que foi conhecer esse descontinuado lançado em 2010. 

Womanity é tão complexo que tenho a impressão de sentir mais notas do que a pirâmide indica. A saída é a fase mais verde e amarga da evolução. Abre com o figo e suas folhas, que brincam de ser doces, verdes e amargas, tudo ao mesmo tempo, junto com a polêmica nota de caviar. 

Ao contrário do que dizem, não sinto cheiro de peixe ou ainda o famigerado aroma de partes íntimas, mas um cheiro salgado e molhado, que não é necessariamente o sal em si. Essa nota é estranha, orgânica, causa a sensação de algo viscoso, vivo, agridoce, com fundo amargo. O cheiro molhado é marítimo, tem a textura de uma alga escorregadia, ou de um tecido orgânico cru, mas que de alguma forma dá certo. A face doce do figo, mais calma e familiar controla a estranheza do caviar e dita o tom da base, mais agradável e segura conforme o tempo passa.

A ideia de usar a iguaria em um perfume parece loucura, mas não é incomum usar ovas de esturjão em sobremesas.


Muito forte, de projeção e duração bem grandes, não deve ser usado no calor. Uma borrifada num dia quente já é suficiente para ele desandar na pele, um dos motivos pelo qual as pessoas desgostam. 

Notas:
figo, caviar, figueira e folha de figo.

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