segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Citizen Queen, Juliette Has a Gun


Citizen Queen tem um pezinho lá no final dos anos oitenta e início dos anos 90, com toda aquela opulência floral e resinosa, de fundo oriental e toques animálicos. A diferença é que aqui ele não entra de cabeça no cheiro carnal de flores brancas e notas almiscaradas fortes, como a civeta. Mas faz alusão à clássicos da primeira metade do século passado, como Shalimar.

Sinto um toque metálico e frio, misturado aos aldeídos. Citizen Queen abre com couro e aldeído, mas após alguns minutos o couro é amaciado por notas polvorosas e doces. Eu, que não sou fã de couro, gosto dessa nota aqui. O metálico amargo me parece vir do ládano ao fundo, com toques resinosos. 

Tudo isso em poucos minutos após aplicar a fragrância. Quando ela se assenta e perde um pouco de intensidade, a mágica acontece. Um floral delicado, atalcado e doce abraça as demais notas e deixa ele um perfume ligeiramente mais confortável, adocicado, fino e agradável. Minha amada íris embala o atalcado abaunilhado.

Ládano, aliás, é bem perceptível, e adiciona um aspecto gelado. Porque CQ brinca de ser quente e gelado, fluido e metálico. Couro grosso, porém macio. E nessa dicotomia, as coisas funcionam.

É um perfume interessante, com ares retrô, mas atualizado, usável, de personalidade própria e sem medo de ousar. Mas também é contemporâneo e menos ríspido que suas inspirações. Preciso nem dizer que tem aquele pedigree sensual de vários clássicos.

Notas
Saída: couro, bergamota e aldeídos.
Coração: íris, tuberosa, flor de laranjeira, immortelle e rosa.
Base: ambroxan, ládano, baunilha, ládano francês, resinas, almíscar e notas atalcadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário