segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Dalí Parfum, Salvador Dalí


Demorei um tempo pra criar coragem e provar Dalí Eau de Parfum, com medo de ser mais bombástico que sua versão EDT. Falei um pouco (muito, na verdade) sobre o Eau de Toilette e sua versão L'Eau aqui, mas chegou a vez do mais concentrado perfume da linha, lançado em 1983.

Acontece que o Eau de Parfum é uma edição mais noturna, fechada e misteriosa que o EDT, com o fundinho característico dessa família de perfumes da casa Salvador Dalí, porém mais usável e gostoso.

Facilmente compartilhável, essa bombinha de incenso e cravo carrega no fundo um misto do que há de mais profano nas flores com o animálico das colônias masculinas no início do século passado. Só que diferente do EDT, tudo isso é relegado a segundo plano na fragrância, você sente um zilhão de notas, mas todas ao fundo, sem se sobressaírem. 

É complexo, multifacetado e cheio de nuances. Se antes o EDT tinha quilos de aldeídos, flores polvorosas, cheiros terrosos e raízes verdes amargas, aqui isso tudo aparece em doses homeopáticas, complementando um incenso noturno embalado por especiarias adocicadas. 


A base, minha parte preferida, é um talcão adocicado que se aproxima mais da versão L'Eau. Hoje é um perfume que só funciona em quem gosta de vintages datadíssimos e em climas frios, mas uma gotinha de nada no pulso ao fim da noite chega a ser confortável e até mesmo sensual. Icônico!

Notas
Saída: incenso, bergamota e cravo-da-Índia.
Coração: rosa, jasmim e mimosa
Base: sândalo, patchouli, musgo de carvalho e almíscar.

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